Blog do escritor Ferréz

Passando a ponte (Texto feito para a Folha)


PASSANDO A PONTE

Cada um saiu do seu barraco, passamos pelas vielas e paramos em frente ao córrego, minutos depois decidimos subir para pegar um carrinho de ferro-velho, a missão era catar tudo. Papelão, garrafa velha, ferro, alumínio.
Umas quatro horas depois, já tínhamos o necessário para ir ao nosso rolê preferido.
Entramos no ônibus e agora estávamos vendo as casas velhas de madeira ficando para trás e em breve os edifícios apareceriam.
Uma hora e meia depois descemos, e agora não teria mais desculpas, tudo estava ali, como todos os comerciantes da favela falavam. “Só no centro pra encontrar isso”.
Quanto aos prédios, agente conseguia olhar até o quinto, sexto andar, depois o sol fazia a vista doer.
Passamos pelo famoso viaduto do chá, era aquele monte de gente, paramos na banca e ficamos olhando, mas eram muitas revistas pra poucos cruzeiros.
Fomos para o nosso grande destino, estava rodeado de gente que comia om pressa, demos o dinheiro,  e ele montou pra nós, o meu sem catchup, os demais eram todos completos.
Comemos o cachorro quente e completamos a missão.
Alguns anos se passaram, a periferia engoliu os meus amigos. 
Mas até hoje quando chego no centro de São Paulo acho tudo muito grande, e o cachorro quente ainda continua no cardápio. 

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